sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ás vezes há coisas...

Fiel leitor,
Estava aqui a pensar nas coisas da vida, e teci uma nova teoria, desta vez relacionada com a percepção de perigo que temos de certas situações...

Comecei por ponderar sobre a quantidade de gente que anda de bicicleta toda artilhada com capacetes e joelheiras e cotoveleiras e cintas e tudo isso.
Compreendo que as pessoas se queiram proteger...mas proteger exactamente de quê?
Eu e os da minha geração (e os de todas as gerações anteriores à minha) quando éramos novos... totalmente desajeitados, irracionais e inconscientes, fizemos milhares de quilómetros de bicicleta sem qualquer tipo de protecção, e à parte de uns joelhos esfolados e uns nós dos dedos negros, quase nunca aconteceu nada de grave... E naquela altura usávamos a bicicleta para todo o tipo de actividades de segurança questionável, como descer ravinas, subir ravinas, fazer corridas, tentar saltar daqui para ali, tentar fazer os outros cair, sabotar as bicicletas ao melhor amigo, etc...

Por tudo isso não consigo imaginar porque é que um adulto experiente, calmo e sereno, que usa a bicicleta para ir devagarinho do ponto A ao ponto B sente a necessidade de se vestir como um homem-bala.

É falta de confiança ou excesso de amor à vida...não sei. Não compreendo.

Do pensamento profundo sobre bicicletas cheguei não sei bem como aos cavalos...

Andar a cavalo é considerada pelo povinho uma actividade moderadamente perigosa.. toooda a gente se lembra de um actor famoso ou de um rei ou de um primo dum tio dum amigo afastado que caiu de um cavalo e «ficou logo ali» ou que «ainda hoje come por uma palhinha»...

É. Estúpido.

O problema de andar a cavalo e aquilo que torna a actividade perigosa é que qualquer Zé Tó ou Maria Tó acha que os cavalos são liiiindus e então não perdem a primeira oportunidade de se sentarem num, seja num casamento, ou na quinta dum amigo ou numas férias românticas numa qualquer ilha tropical, sem ter obviamente qualquer noção de como se monta a cavalo ... ou sem sequer pararem primeiro para pensar se gozam da agilidade e reflexos necessários para reagirem aceitavelmente bem em caso de queda, e não como um saco de batatas mal apertado.

É que cair dum cavalo não me parece muito mais perigoso do que caír de uma bicicleta ou de uma mota a 40km/h. Mesmo que o cavalo vos passe por cima...epá, podem partir um pulso, ou torcer um joelho, se calhar vão 2 costelas cos porcos...mas daí a ficarem logo ali espalmados estilo passa, parece-me coisa de tosco.
Digo isto porque já vi que há gente que consegue morrer a caír por escadas abaixo, ou dentro duma valeta, ou a descer um passeio, etc, e portanto sei que existe no mundo uma quantidade considerável de humanos capazes de se martirizar estupidamente por simples falta de condição física, coordenação motora ou reflexos mínimos.

Um bom exemplo disto são as pessoas que conseguem tropeçar e caír no chão e esfolarem-se todos em todo o lado menos nos "para-choques" naturais (que são obviamente as palmas das mãos, os cotovelos e os joelhos).
Se alguma vez caírem, seja de mota, a pé, a cavalo, ou de avião e se aleijarem em algum sítio que não seja as mãos, os joelhos ou os cotovelos, então é porque caíram mal. True story.
O verdadeiro ninja nem se aleija, mas isso já é outra conversa...

Outra coisa que acho um bocado parva...ou pelo menos engraçada, é o uso de capacete para andar a cavalo.
«Porque é que tens de levar capacete?! Deves querer ficar como o super homem..
O super homem (ou o actor que fazia de SH) partiu o pescoço...não rachou a cabeça! Um capacete até FACILITA a rebentarem o pescoço melhor. Não sou contra o uso do K7, claro...apenas acho que deviam medir melhor os argumentos que usam...

Em jeito de conclusão, diria que é tão perigoso andar a cavalo como é perigoso atravessar uma ponte. O problema é quando metemos toscos a andar a cavalo ou cegos a atravessar pontes...

E deixo uma ressalva:
Para todos aqueles que estão a pensar: «Heey, o Guerra só diz merda, há montes de PROs que se aleijam a andar a cavalo...»
Os "PROs" fazem coisas de PRO, ou seja, não se limitam a andar a cavalo...fazem coisas no limite do bicho ou deles mesmos, e portanto é natural que a coisa dê para o torto de vez em quando.

«Heeey ó Guerra, ia mesmo dizer isso, tu deves ser bruxo!»
Nop, sou apenas um alienígena enviado do futuro para ser um gozão inútil no passado...que é o vosso presente...e que não presta, é antiquado.
No vosso futuro, meu presente, voltámos aos costumes desformatados do passado, e somos mais felizes.

Por Guerra, o Corrécio