domingo, 16 de janeiro de 2011

Sentimento bonito!

Ola!
Hoje, para variar, venho-vos falar de coisas boas.

Venho falar-vos de um sentimento que adoro ter, e que estou certo que todos vocês já tiveram pelo menos uma vez nas vossas vidas. Penso que não há maneira de descrever eficientemente este sentimento e também não sei que nome lhe chamar... por isso vou dar-vos um exemplo de uma situação, e perceberão de que sentimento falo:

"Estão perdidos no deserto há vários dias. Têm os lábios gretados, as mãos feridas, a roupa em frangalhos e, no estômago, nada têm para além de um horrível nó seco que vos tortura.
Sem forças, já desistiram de andar e gatinham moribundos pela areia, com a t-shirt enrolada na cabeça, sempre baixa, pendurada no seu próprio peso, tentando ignorar a agonizante enxaqueca que a desidratação vos causa.
Não sabem em que pensar... nem ousam pensar! Pulsa! Fervilha! Dói! Limitam-se a rastejar lentamente por esse pesadelo infinito em que o tempo parece estar parado e que cada metro que com sacrifício se avança tanto pode ser na direcção certa como na errada... «-e que diferença faria?». Sem qualquer esperança mas alimentados por um instinto que vos impede de parar, seguem o vosso desesperante caminho.

Quando sentem que estão no vosso derradeiro minuto, em que já estão só a lutar por não fechar os olhos, uma sombra pára sobre vocês. Trémulos viram a cara e tentam focar a figura branca, que se ergue à vossa frente.
"É um homem!"

Olham para este personagem que vos estende a mão com um sorriso, e diz:
"-Olá, sou um beduíno e vou-te tirar daqui. Tenho água, tens sede?"

De olhos muito abertos, e animados de uma força sobrenatural, abrem a boca para gritar um desesperado "-SIM!!", mas são interrompidos pelo gentil nómada, que vos diz de ar triste:
"-Infelizmente só tenho copos de plástico..."

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E é aqui que se dá aquele sentimento... o tal que vos falava no início desta longa bizarria descritiva!
É aquele sentimento em que dá vontade de dizer:
"Só tens copos de plástico?! EU ATÉ BEBIA A ÁGUA DO CU DUM LEPROSO! És o MAIOR do mundo!!"


Felizmente, entre o meu grupo de amigos, vivo muitas vezes este sentimento. Coisas mais banais, obviamente, mas que não deixam de me alegrar profundamente.
Exemplo, num convívio em casa de um amigo:

Guerra: «Hey, nem jantámos! Estou mesmo cheio de fome! Chegaste a comprar coisas para o jantar?»
Amigo X: «Epa, só tive mesmo tempo de comprar pizzas congeladas!»

E penso para comigo mesmo: "Ugasse! Eu que já estava só a sonhar com a possibilidade de haver cá em casa um pãozito e com sorte manteiga!...Estas pizzas vão ser as melhores DO MUNDO!"

Bom, é isto...
Achei por bem partilhar esta coisa bonita contigo, caro fiel leitor.
Afinal de contas este blog não pode ser só sobre assuntos muito sérios e do interesse de toda a gente =/

Por Guerra, o Corrécio

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Faç'isto porque prontos, pá!"

Gosto dos dias em que não há notícias de jeito no telejornal, precisamente pelo mesmo motivo que gosto de contorcionismo (e do concurso de eleição das misses mundo)!

Porquê, perguntas tu, meu triste e fiel leitor?

Porque nesses dias entulham os noticiários com recordes do mundo parvos; Como a maior torta de azeitão do MUNDO (como se um Paraguaio soubesse sequer o que é uma torta de azeitão), com pessoas ou grupos de pessoas que se entretêm a fazer uma determinada actividade pouco normal (como teatro de fantoches ou campeonatos de jogo do galo), artistas que se dedicam a formas de artes pouco ortodoxas (como aqueles que pintam com comida ou fazem esculturas com utensílios de escritório), ou ainda aqueles que tiraram férias para fazer uma doideira qualquer que andavam para fazer há anos (como a volta ao mundo em balão de ar quente, atravessar o atlantico de moto-de-água, fazer os caminhos de são Tiago a pé, etc)...e depois vem a melhor parte...a do contorcionismo! A entrevista!

Na entevista aos protagonistas de tão importante notícia, podemos assistir refastelados no sofa a uma esgrima de teorias atabalhoadas, na qual os entrevistados nos tentam convencer que fizeram aquilo, não porque têm jeito para para a coisa e não deu trabalho nenhum, não porque acharam que iam ganhar dinheiro ou aparecer na televisão, não porque é divertido, mas sim porque acreditam que através daquela actividade ou invento, podem tornar o mundo num sítio melhor.

Levanto-me e aplaudo no fim, com uma lágrimazina ao canto do olho.

Qualquer dia vou ser eu na TV! Juro-vos! Ainda não sei qual vai ser o motivo, mas vão-me ouvir a dizer algo do género:

"Estou a dar a volta ao mundo de mota em nome de todas as pessoas que sofrem de problemas cardíacos! Porquê?...er... porque para andar de mota é preciso condição física e...ahm..ora, um tio meu uma vez teve quase para ter uma paragem cardíaca e...haaa...bom, isso afectou-me bastante e então achei que dando a volta ao mundo de mota estava a transmitir uma mensagem de coragem e de...de... de esperança, no fundo é isso!...e talvez tenha recebido um patrociniozito de uma série de empresas por causa disso... mas isso não me deu jeito nenhum nem nada, só estou a fazer este imenso sacrifíco porque acredito na causa!"

Ou;

"Porque é que passei toda a minha vida a rabiscar desenhos grotescos nos cadernos durante as aulas? Ora... porque...porque estes desenhos são algo que nasceu comigo. Não posso evitar! Acredito que...que através desta minha expressão artística consigo fazer os outros ver um pouco mais de mim e... talvez também...ah, sim, um pouco deles próprios! É isso...e fazê-los sentir um pouco o mundo como eu o vejo e...talvez conseguir mudar o futuro!... não faço estes desenhos porque sou incapaz de prestar atenção aos professores e tenho de me entreter com alguma coisa, não é nada disso!"

...Ultimamente ando mesmo rabugento.
Aceitam-se doações!

Por Guerra, o corrécio