terça-feira, 24 de agosto de 2010

Uma'stória da Pré'stória

Há muitos muitos milénios atrás, Capitão Nhurro, o pastor Neendertal, decidiu construir uma ponte rupestre para conseguir levar o seu rebanho de Urubus mutantes até à outra margem, onde o musgo paleolítico era mais verde. Obviamente que não ia ser fácil ereger uma ponte recorrendo apenas a pedra lascada, mocas de pau e pele curtida, mas Nhurro era um primitivo muito competente e isso dava-lhe confiança para seguir em frente.

Como faria o mais evoluído dos gestores, Nhurro decidiu rodear-se dos melhores colaboradores que pôde encontrar. Juntaram-se então a esta equipa o gago Gago (foi ele o primeiro dos gagos, todos os outros que se seguiram apenas herdaram o nome), que grunhia em eco, um caçador de germes chamado Hipocondro e um passareco azul, que disse que tinha sido convidado mas que ninguém conhecia.

As obras começaram assim que a época dos meteoritos terminou;
-Nhurro alagava árvores à cabeçada para reunir matérias-prima (na altura chamavam-lhe "matéria-tetra-avó"),
-Hipondonro tratava do catering. De manhã colhia espirros de mamute com uma folha de bananeira, que depois deixava ao Sol a ganhar bixo. Á tarde demolhava tudo e servia sopa de cardos (Quem baptizou a sopa foi Gago, o gago, pois achava mais fácil gaguejar "Cardos" em vez de "Moscardos").
- Gago esfregava as peles com paus e pedras, afiava paus com pedras, escavava pedras com paus e embrulhava as pedras e os paus nas peles. Não é que fossem actividades úteis para a construção, mas não tinham ainda inventado mais nada para fazer na época.
- O passareco azul não fazia nada, mas agora todos gostavam dele porque ele só chupava o espirro da sopa e deixava as bogas de muco e os moscardos, que os outros adoravam.

Passadas 6 luas, a ponte estava praticamente pronta. Diga-se de passagem que também não foi uma construção muito exigente, uma vez que Nhurro foi sagaz o suficiente para decidir construír a ponte num sítio plano, sem rio por baixo, onde seria obviamente mais difícil.
A ponte era então constituída por 2 coqueiros paralelos deitados ao comprido a servir de corrimão, o tabuleiro era feito de chão e, por cortesia, mandou-se instalar um balde a meio da ponte, caso o balanço provocasse enjoos aos primitivos pedestres.

Moral da coisa:
"Cobra ou ouriço que ponha ovos em casa de madeira verá por certo a clara da sua prole batida em castelo."

Para os mais ortodoxos:
"O barato sai, claro."

Por Guerra, o Corrécio

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Biografia D'um ilustre desconhecido

Nascido em 1941, teve uma infância marcante começando a revelar desde muito cedo o seu potencial incomum.
Terminou à primeira tentativa a 4ª classe, distinguindo-se dos restantes alunos por ser o 9º melhor. Aos 7 anos já lia sozinho os livros do «Onde está o bolinha?» e aos 11 dava os primeiros passos para a sua eterna fama, deixando-se atropelar pela 1ª vez, mesmo à frente à mercearia.
Começou a ser gozado logo em tenra idade por não saber jogar à bola, o que o levou a dedicar-se aos estudos. Fruto disto, conseguiu passar à rasca no exame do 12º ano e seguiu para a universidade, onde daria seguimento à sua jornada de vida.
Por convicção pessoal, chumbou por faltas 2 meses depois e abandonou os estudos, mas não sem antes deixar uma mensagem marcante na porta da casa de banho dos homens (que anos mais tarde viria a ser rebatida por outro filho pródigo daquele prestigiado instituto, com a célebre teoria: «...e a tua mãe devía gostar de aqui vir mámar no velhaco!»).
Terminou os estudos mas não terminou a sua incessante busca pelo conhecimento, tendo-se dedicado à leitura durante muitos anos, sempre que ia à casa de banho e tinha por lá «revistas com bonecada».

A sua sui generis personalidade sempre lhe permitiu terminar amizades com muita facilidade, e semear portas fechadas um pouco por todos os sítios onde passou.

Aos 35 anos ainda não tinha casado, em parte por não ter encontrado a mulher ideal, em parte por estar demasiadamente ocupado a tentar encontrar quem quisesse casar com ele.
Dedicou parte da sua vida adulta a causas bastante nobres, a maíoria delas para seu próprio benefício e/ou ajudando outros a sofrer, como resultado colateral das suas acções.

Já nos últimos anos da sua vida, e fortemente afectado pela valiosa irracionalidade da velhíce, tornou a espantar o mundo com uma série de dissertações impróprias durante o jantar de Natal, fazendo com que os poucos familiares que ainda mantinham ligações com ele fossem para casa mais cedo, ás 18.30, e lhe riscassem o carro.

Faleceu dia 12 de Fevereiro de 2010, tendo sido o seu corpo sepultado com as maiores honras, num buraco.

Por Guerra, o Corrécio

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A'Áve da mudança

Ainda sem sinais do outro colaborador deste blog, que está concerteza demasiado ocupado a não fazer nenhum, deixo-lhes mais uma história que vão desejar nunca ter lido:

Era uma vez um anão entusiasta do ciclismo que tinha uma carrinha azul-camelo. Certa manhã, andava o Sol já a rondar a nuvem da direita (estando o observador correctamente desorientado a Norte) e os passarinhos a zurrar de árvore em árvore, quando algo bizarro se passou na povoação onde o anão, de nome Alberto, morava:
-Tinha nascido um pequeno e fofo condor aberrante (uma vez que nasceu hipoteticamente por geração espontânea, nao teve progenitores que lhe dessem um nome).

O acontecimento acima descrito teve um grande impacto na população local uma vez que o condor é um animal extremamente opaco que esbraceja muito, e parecendo que não, incomoda!
Como seria de esperar, cada acção gera uma reacção e neste caso foi uma tragédia em cadeia... o esbracejar constante do condor enervou as velhas, que deixaram de dar leite; Os pasteleiros sem leite perderam o sono e começaram a deambular pelas ruas feitos mortos-vivos apáticos e morenos; A escassez de pastéis deixou os marqueses e os viscondes em pânico, o que levou os seus cabeleireiros à loucura, o que finalmente levou a que se esquecessem de preencher o IRS; Por fim, o departamento de finanças da aldeia ficou totalmente desocupado e, pronto, aí terminou esta bola de neve, porque pouco ou nada mudou.

Mas a natureza é imparável e as coisas voltaram a encontrar o seu ritmo... os pasteleiros começaram a fazer pastéis de sumo gaseificado; as velhas passaram a repousar no departamento de finanças por causa do ar-condicionado; os marqueses começaram a aparar o cabelo na serralharia, e os funcionários públicos começaram a desfiar formulários e recibos para fazer papel em pó, com o intuito de polvilhar o bolo rei (de sumol de ananás) mais tarde nesse ano.

Quim Jorge (ou "Alberto o anão", se preferirem), assistia com entusiasmo a todo este reboliço, sentadinho á sombra de um urinol, mesmo ali na praça principal da vila. Quim Jorge era muito sensível a todas as pequenas coisas que a vida lhe proporcionava e procurava degustar todos os deliciosos momentos, todos os pormenores e pequenos detalhes... neste caso em particular, agradava-lhe a forma como a maioria dos pedestres esbugalhava os olhos ao pisar os gomosos tortulhos do condor, que entretanto ja pesava pra cima de 800 Eskilos.

Para além do simpático novo hobbie de Quim Jorge "A girafa mecânica", a vinda do condor trouxe outros benefícios que não podemos ignorar:
-O volume de receitas provenientes do turismo local duplicou relativamente ao mês seguinte do mês homónimo de há 3 anos atrás, do século anterior, na vila vizinha (sejamos francos, não duplicou exactamente, mas 1.4 arredonda para 1.5, o que dá 2, em números com jeito).
-Nasceu uma certa quantidade de pessoas (também morreram umas quantas, mas já eram velhas e só davam prejuízo).
-Deu à costa do rio uma foca bébé muito fofa... infelizmente ja um pouco podre e inchada.
-Quim jorge descobriu as chaves da arrecadação do coreto debaixo do urinol, bem como uma pastilha elástica praticamente nova.

Moral da coisa:
"Todo aquele que desejar comprar aquilo que ainda não possui, encontrará uma oferta melhor uns tempos depois (ou não)."

Para os mais ortodoxos:
"Queres comprar, mais vale esperar (Se Deus quiser)."

Por Guerra, o Corrécio

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Grande inauguração - 6ªFeira 13

Após palmilharmos um inferno de incertezas, penarmos meses e meses este sofrimento atroz, derramarmos o nosso próprio sangue, e depois de termos vertido mil regatos de lágrimas salgadas, conseguimos por o Blog de pé.



Infelizmente, fritámos a marmita no processo.



E é tudo o que tenho a dizer sobre este assunto... mas não Adrúbél, o castor audacioso.

Asdrúbél vivia lá para os lados da Noruega, onde existia (e existe, segundo as escrituras) uma floresta encantada onde se dizia (e diz, segundo as escrituras) que os animais falavam!

Todas as manhas o nosso amigo castor ia até á vila dos animais comprar abacates ofensivos para exterminar uma praga de remorsos que havia feito ninho na sua cave.

O personagem extremamente marcante e caricata que lhe costumava vender os abacates era uma máquina de venda automática, que jazia de luzes fundidas e vitrina empoeirada encostada á porta de um cavalo.

Naquele dia porém, algo não correra como previsto; Adrúbél comprara os abacates e guardara-os muito bem como sempre, todos enrolados no bolso, e depois dirigiu-se, calmamente á igreja, onde habitualmente limava o calo do joanete, porém desta vez, quando chegou á igreja, olhou para os seus pés e viu um bichinho colorido com pelo muito engraçado e rabito farfalhudo, todo estripado e com a carne dilacerada, a olhar perdidamente para o tecto, embora sem um dos olhos, que repousava um pouco achatado ali a meio metro.

Foi então que entrou no átrio da igreja, pela porta lá ao fundo, esquecida e mal iluminada, uma silhueta de porte invejável, com passo seguro e certo, ar altivo e expressão confiante que se dirigia a Asdrúbél. À medida que este se aproximava e saía da negra penumbra da igreja, o castor podia agora vê-lo, era Girino o Estúpido, a arrastar-se todo torto pelo chão, meio de lado meio de costas, num sacrifício hilariante para se manter vivo fora de água.

E assim termina o conto de Asdrúbél o castor, que em relação ao blog Bestas Iluminadas só tem a dizer que mete-lhe nojo a forma como algumas pessoas cospem de dentro dos carros com o vidro fechado.

Por Guerra, o Corrécio