quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SEGUNDA REVELAÇÃO!!

Amigo leitor!
Durante a epifania que tive há minutos, revelaram-se-me perante os olhos novas visões arcanas das Cristuras do Anti-Escrito!!!

Estas revelações extremamente traumáticas, levaram-me a concluir algo que me entristece bastante, como eterno fã do youtube, mas que passo a revelar:

Toda esta globalização da informação está a tirar piada ás pequenas histórias do dia a dia.

As visões que tive mostravam-me imagens da minha infância, em que presenciei na companhia do meu pai, um bêbado bebedíssimo em Almeirim, a tentar subir para cima de uma bicicleta no meio de um cruzamento.

"Durante 10 minutos estivemos refastelados dentro do carro a apreciar, hilariante a agonia do homem, barrigudo e completamente descomposto de qualquer dignidade, a tentar levantar a bicicleta e a sentar-se nela..."

Durante anos, e até há uns 3 ou 4 anos atrás, contar esta história aos amigos era uma óptima conversa e a rapaziada juntava-se ali a ouvir, entretidos enquanto um gajo esbracejava e ia imitando os gestos trambolhosos do bêbado e a história tinha muita piada...
Hoje o que se passa, amigo leitor??
Hoje, estamos a contar a história e ela já não tem muito interesse. Se for preciso até nos interrompem! Porquê?
-Porque muitos dos nossos amigos já viram NO YOUTUBE, meia dúziua de bêbados em estado muito pior, alguns deles até com bicicletas, a fazer figuras ainda mais hilariantes!

É triste não é?
Para além de cada vez mais raras, as pequenas histórias do dia a dia, que antigamente nos traziam doce à vida, tornam-se incapazes de superar aquilo que toda a gente já viu, no youtube... E esta, hein?

E é por isso que quero ser naúfrago...
O smilleyzinho :)

Por Guerra, o corrécio

sábado, 11 de dezembro de 2010

Poesia, coisa linda!

Sempre tive uma raiva miudinha aos artistas.
Gosto especialmente de reparar como qualquer escritor consegue ser extremamente observador e sensível aos mais ridículos detalhes...quase ao ponto de se poder pensar que a vida passa por ele em câmara lenta! Para um escritor (pessoa bastante sensível, sentimental, romântico... mulher, vá!) qualquer objecto ou pormenor presente numa história parece ganhar toda uma importância e uma dignidade que eu considero, simplesmente, entediante de tão pouco natural.

Qualquer escritor que se preze consegue estar 4 páginas a descrever, por exemplo, um escritório, que nada tem de interessante ou de invulgar a não ser o cadáver mutilado junto à janela ou, noutro cenário, um extra-terrestre a grafitar uma das paredes...ainda assim o escritor irá entreter-nos durante 3 páginas a explicar de que forma os velhos lápis de cor se dispunham aleatoriamente dentro do estojo que repousava em cima da mesa, conferido-lhe um aspecto descuidado; Como os cortinados de seda amarelos cheiravam a tabaco de cachimbo mas que ainda assim davam um ar refrescante ao escritório; Como a poltrona de madeira com estofo de couro esverdeado junta à secretária lhe fazia lembrar o seu avô, etc etc etc...etc etc... POR ISSO, também eu vou escrever um pequeno texto sobre um episódio extremamente caricato que vivi:

"Entrei.
Num gesto contínuo fechei e tranquei a porta de madeira de má qualidade que libertou um perro suspiro ao raspar contra o soalho desnivelado de lajes escuras, já bem erodidas pelo tempo e pelo constante vaivém de pessoas, que tal como eu necessitaram de visitar aquele lugar.

Enquanto arregaçava a camisa de algodão bege e escarafunchava desajeitadamente no cinto, olhei em redor como se procurasse um ponto fraco na arquitectura daquela divisão; Um sítio pelo qual alguém pudesse entrar e surpreender-me, uma janela ou buraco naquelas paredes brancas através do qual me conseguissem observar... mas constatei com alívio que o compartimento era claustrofobicamente estanque.

Olhei então para a retrete onde me ia sentar. Mais uma vez recebi um reconfortante sentimento ao deparar-me com uma velha e lascada sanita, no entanto impecavelmente asseada e actualizada com um autoclismo novinho em folha, que apesar da simplicidade do seu mecanismo, quase parecia irradiar um brilho tecnológico devido ao contraste que estabelecia com tudo o resto naquele apertado cubículo.
Em cima desta visão resplandecente encontrei um rolo de papel higiénico rugoso e pouco convidativo a esfregar fosse onde fosse, do qual imediatamente retirei três tiras com cerca de palmo e meio, as quais usei para cobrir o ressequido e amarelado plástico onde de seguida me sentei, mas não sem antes confirmar pelo canto do olho se de facto tinha trancado correctamente a primitiva fechadura que me separava do mundo exterior, composta por uma argola metálica aparafusada à parede e um ganchinho aparafusado à porta.

Já sentado, e com as calças de ganga enroladas à volta dos tornozelos, tinha agora tempo para observar o resto daquela divisão que nos próximos cinco minutos ia ser o meu mundo exclusivo:
Por cima de mim, no tecto, num dos cantos, estava uma pequena teia de aranha, aparentemente imune à passagem do tempo, e provavelmente há muito abandonada pela criatura que a criou, sendo que nesta teia só consegui encontrar finos flocos de tinta branca ressequida que se haviam solto da parede e que ali tinham encontrado amparo; Por baixo dos meus ténis já algo gastos encontrei um ralo circular coberto por uma grelha metálica, que ali se apresentava inútil, completamente entupido de pó, cotão, beatas de cigarro e outros detritos que não consegui identificar, e, um pouco mais à frente, no canto atrás da porta, vi um piaçaba (daqueles velhinhos, com cabo de madeira e "pelos" em plástico laranja, unidos por uma anilha ferrugenta), que repousava esquecido, tristemente inclinado contra a parede, como se se lamentasse da sua cruel e desvalorizada existência..."

Por Guerra, o Corrécio


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pandas, essez'inúteis

Descobri este texto meu, escrito em 2008 e achei que era de partilhar contigo, meu único e estimado leitor.

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Hoje vou abordar para meu regozijo pessoal a problemática do bicho Panda.

Ora, como todos sabemos, os animais evoluiram laboriosamente durante milhões de anos para se adaptarem ao meio ambiente e às suas necessidades básicas (comer, procriar, sobreviver).

Exemplos:
O Leão, que se camufla ardilosamente na savana graças à sua côr e tem poderosas garras e mandíbulas;
O tubarão que cheira/sente/vê a presa a quilómetros de distancia, obra de um sistema sensorial brilhante;
A toupeira que desenvolveu garras monstruosas para escavar e sensíveis bigodes para tactear os escuros labirintos;
A cobra que desenvolveu presas e venenos fatais, e até escamas coloridas para avisar os predadores do seu arsenal
O macaco com a sua inteligência e agilidade ímpares...

Tudo muito bonito.
Mas e o Panda, esse bichinho misterioso e fofo que faz os olhos de qualquer criança brilhar?

O panda vive, feliz e ingénuo, no meio das florestas de bambu asiáticas. Não existe ambiente mais verde que aquele... é só bambu, pedrinhas, jardins "koi", árvores bonsai e coisa afins.
Então porque é que ele é preto e branco? Tal camuflagem só era eficiente num filme do Charlot!

Mais...Enquanto que os outros animais andam cos olhinhos esbugalhados pa acasalar aceleradamente sempre que podem, porque é que o Panda insiste em ter apenas 2-3 dias férteis por ano e ainda assim demonstra relutância em fazer o serviço?

Para que é que serve o Panda??
Alguma vez viram um panda numa foto que não fosse obesamente sentado, a comer bambu com olhar vazio mas feliz, mesmo com ar de quem não tem absolutamente nada na cabeça?

A minha teoria é simples, óbvia e inquestionavelmente correcta:

-Os Pandas foram colocados na terra há milhares de anos em abundância desmesurada (por Deus, obviamente) e têm-se vindo a extinguir ás camadas por esses anos fora.
Mas "Deus não lança dados" e seu desígnio era que tal criatura, tão inútil e inadaptada que até dá dó, caísse nas graças da espécie humana contemporânea e assim fosse poupado à sua inevitável e definitiva extinção.

Podemos então afirmar que a evolução do Panda deu-se no sentido não de ser mais forte, mais rapido, mais rijo, mais ágil ou mais inteligente, mas sim a ser fofinho, inutil estúpido, ao ponto de cativar a vossa (não minha) bondade, não fossem vocês meros mortais, passíveis de sofrer de tão "conveniente" chantagem emocional.

Em suma: Abaixo essa raça parasita que é no fundo um inútil vestido de peluche.

Por Guerra, o corrécio

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mentes Doentes...

Quanto mais aprendo a não gostar da humanidade (e não, não é por fazerem mal aos animaizinhos e á natureza e por fazerem a guerra e essas tretas todas) mais me apercebo que embora uma criança nasça pura, ainda antes de aprender a falar decentemente já está destinada a ser mais um humano sem ponta por onde se lhe pegue.

Cheguei a esta conclusão quando no outro dia uma amiga na brincadeira disse:
"-Come isso que faz-te bem! Se não comeres vou chamar o bixo papão e ele leva-te!"

E fez-se luz...
Ora, quando uma mãe diz isto a um filho (e note-se que o bixo papão pode ser o homem do saco, o velho, o monstro, o alien, etc...) como é que esse filho consegue viver em paz e seguir a sua vida como se nada fosse sem se questionar logicamente quanto a esta questão??
É que daquela ameaça irresponsável da mãe só se podem tirar 2 conclusões possíveis:

1ª - Se a Mãe quer realmente o bem do filho, e se aqueles bróculos ou espinafres são realmente bons para a sua saúde, então o Papão ou o velho do saco (que pelos vistos são cúmplices da Mãe) também querem o seu bem, logo a ameaça não passa de um bluff estúpido, e a criança pode usar o livre-arbítrio e comer ou não os vegetais... e arriscar-se a levar um pragmático tareão (sendo esta a 2ª abordagem mais comum, depois da ameaça do Papão falhar).

2ª - Se a Mãe se dá com este tipo de fauna... Papões que devoram crianças e velhos com sacos que fazem sabe deus o quê...e se ainda por cima estava disposta a chamá-los por um motivo tão trivial como meia dúzia de bróculos num prato... então que raio de Mãe é esta?? E será que esses vegetais são mesmo bons para mim?
"Ou como ou matas-me!? Não devíamos chegar a tanto por uma coisa que é para meu bem, nao é...?"

Então se as criancinhas ouvem estas ameaças e ignoram ou acabam mesmo por comer os vegetais, mas não se questionam quanto á maldade do Papão ou quanto ao papel benigno da Mãe, isto só pode significar que as suas mentes foram a partir desse impacto, desse turbilhão de medos e de inseguranças, formatadas para atingir um grau muito primitivo de lógica... A partir desse dia traumático, passaram a deixar que os seus medos ou a informação pre-estabelecida por "seres superiores" ditassem a sua vida, sobrepondo-se á razão e à lógica!

Isto meus senhores, é um dos motivos pelos quais sonho ser Náufrago. Não suporto a humanidade.
E agora um smileyzinho que é para dar ideia que não estou a falar mesmo a sério :)

Por Guerra, o corrécio.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Algumas Def'nições

Ensino:
Processo elaborado e contínuo através do qual pessoas instruídas ocupam a cabeça a jovens sonhadores com um misto de informações úteis e de critérios inutéis, estragando-lhes o raciocínio objectivo irremediavelmente para o resto da vida.

Sociedade Moderna:
Quando vista do espaço, a sociedade humana moderna é um vasto conjunto de micro-organismos da família dos fungos que cobre quase a totalidade do planeta. Analisada à lupa, trata-se de um conjunto de normas e de hábitos cujo único propósito é perpetuar a a existência dessa mesma comunidade de seres. Para o conseguir, a sociedade deve moldar o planeta de forma a torna-lo previsível, seguro e desinteressante.

Partido Político:
Forma de arte organizada em que indivíduos com poucas capacidades laborais se distinguem dos outros defendendo uma ideologia que lhes convém.
À semelhança de outro tipo de artes, o objectivo é defender uma ideologia que tenha aceitação pública, sem que para isso seja necessário qualquer tipo de convicção pessoal. É, aliás, desanconselhado pertencer a um partido política se se tiver algum tipo de convicção pessoal ou raciocínio próprio, uma vez que se torna demasiadamente óbvio que que jamais um único partido tem a melhor solução para todos os problemas.
Outros autores (eu mas mais bem disposto) referem que defender um partido político faz tanto sentido como o racismo ou o clubismo.

Constituição:
Documento redigido num papel há demasiado tempo por políticos mas que se faz crer que foi escrito por pessoas competentes e se mantém actualizado.

Por Guerra, o Corrécio

domingo, 5 de setembro de 2010

Octávio, O'isco p'ra Camelos

Bom, agora a pérola do costume:

Octávio sempre trabalhou como adubante para sardinhas em lata, mas depressa se apercebeu que tinha potencial para mais e foi para o deserto, levando apena um rabçado de arroz-doce e 5 gramas de areia, para contribuir.
Como comia que nem uma besta, quando chegou ao deserto já não tinha areia, e do rabçado já só sobravam 2 bananas.
Passou muito fominha, graças a deus. Depois faleceu e foram observados camelos na zona.

Moral da coisa:
"Se existisse vida para além da morte, aposto que uma pessoa se sentiria bastante estúpida dentro de um camelo".

Para os mais ortodoxos:
"Mais vale ser canhoto do que atravessar por dentro um camelo dum lado ao outro".

Por Guerra, o corrécio.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Uma'stória da Pré'stória

Há muitos muitos milénios atrás, Capitão Nhurro, o pastor Neendertal, decidiu construir uma ponte rupestre para conseguir levar o seu rebanho de Urubus mutantes até à outra margem, onde o musgo paleolítico era mais verde. Obviamente que não ia ser fácil ereger uma ponte recorrendo apenas a pedra lascada, mocas de pau e pele curtida, mas Nhurro era um primitivo muito competente e isso dava-lhe confiança para seguir em frente.

Como faria o mais evoluído dos gestores, Nhurro decidiu rodear-se dos melhores colaboradores que pôde encontrar. Juntaram-se então a esta equipa o gago Gago (foi ele o primeiro dos gagos, todos os outros que se seguiram apenas herdaram o nome), que grunhia em eco, um caçador de germes chamado Hipocondro e um passareco azul, que disse que tinha sido convidado mas que ninguém conhecia.

As obras começaram assim que a época dos meteoritos terminou;
-Nhurro alagava árvores à cabeçada para reunir matérias-prima (na altura chamavam-lhe "matéria-tetra-avó"),
-Hipondonro tratava do catering. De manhã colhia espirros de mamute com uma folha de bananeira, que depois deixava ao Sol a ganhar bixo. Á tarde demolhava tudo e servia sopa de cardos (Quem baptizou a sopa foi Gago, o gago, pois achava mais fácil gaguejar "Cardos" em vez de "Moscardos").
- Gago esfregava as peles com paus e pedras, afiava paus com pedras, escavava pedras com paus e embrulhava as pedras e os paus nas peles. Não é que fossem actividades úteis para a construção, mas não tinham ainda inventado mais nada para fazer na época.
- O passareco azul não fazia nada, mas agora todos gostavam dele porque ele só chupava o espirro da sopa e deixava as bogas de muco e os moscardos, que os outros adoravam.

Passadas 6 luas, a ponte estava praticamente pronta. Diga-se de passagem que também não foi uma construção muito exigente, uma vez que Nhurro foi sagaz o suficiente para decidir construír a ponte num sítio plano, sem rio por baixo, onde seria obviamente mais difícil.
A ponte era então constituída por 2 coqueiros paralelos deitados ao comprido a servir de corrimão, o tabuleiro era feito de chão e, por cortesia, mandou-se instalar um balde a meio da ponte, caso o balanço provocasse enjoos aos primitivos pedestres.

Moral da coisa:
"Cobra ou ouriço que ponha ovos em casa de madeira verá por certo a clara da sua prole batida em castelo."

Para os mais ortodoxos:
"O barato sai, claro."

Por Guerra, o Corrécio

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Biografia D'um ilustre desconhecido

Nascido em 1941, teve uma infância marcante começando a revelar desde muito cedo o seu potencial incomum.
Terminou à primeira tentativa a 4ª classe, distinguindo-se dos restantes alunos por ser o 9º melhor. Aos 7 anos já lia sozinho os livros do «Onde está o bolinha?» e aos 11 dava os primeiros passos para a sua eterna fama, deixando-se atropelar pela 1ª vez, mesmo à frente à mercearia.
Começou a ser gozado logo em tenra idade por não saber jogar à bola, o que o levou a dedicar-se aos estudos. Fruto disto, conseguiu passar à rasca no exame do 12º ano e seguiu para a universidade, onde daria seguimento à sua jornada de vida.
Por convicção pessoal, chumbou por faltas 2 meses depois e abandonou os estudos, mas não sem antes deixar uma mensagem marcante na porta da casa de banho dos homens (que anos mais tarde viria a ser rebatida por outro filho pródigo daquele prestigiado instituto, com a célebre teoria: «...e a tua mãe devía gostar de aqui vir mámar no velhaco!»).
Terminou os estudos mas não terminou a sua incessante busca pelo conhecimento, tendo-se dedicado à leitura durante muitos anos, sempre que ia à casa de banho e tinha por lá «revistas com bonecada».

A sua sui generis personalidade sempre lhe permitiu terminar amizades com muita facilidade, e semear portas fechadas um pouco por todos os sítios onde passou.

Aos 35 anos ainda não tinha casado, em parte por não ter encontrado a mulher ideal, em parte por estar demasiadamente ocupado a tentar encontrar quem quisesse casar com ele.
Dedicou parte da sua vida adulta a causas bastante nobres, a maíoria delas para seu próprio benefício e/ou ajudando outros a sofrer, como resultado colateral das suas acções.

Já nos últimos anos da sua vida, e fortemente afectado pela valiosa irracionalidade da velhíce, tornou a espantar o mundo com uma série de dissertações impróprias durante o jantar de Natal, fazendo com que os poucos familiares que ainda mantinham ligações com ele fossem para casa mais cedo, ás 18.30, e lhe riscassem o carro.

Faleceu dia 12 de Fevereiro de 2010, tendo sido o seu corpo sepultado com as maiores honras, num buraco.

Por Guerra, o Corrécio

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A'Áve da mudança

Ainda sem sinais do outro colaborador deste blog, que está concerteza demasiado ocupado a não fazer nenhum, deixo-lhes mais uma história que vão desejar nunca ter lido:

Era uma vez um anão entusiasta do ciclismo que tinha uma carrinha azul-camelo. Certa manhã, andava o Sol já a rondar a nuvem da direita (estando o observador correctamente desorientado a Norte) e os passarinhos a zurrar de árvore em árvore, quando algo bizarro se passou na povoação onde o anão, de nome Alberto, morava:
-Tinha nascido um pequeno e fofo condor aberrante (uma vez que nasceu hipoteticamente por geração espontânea, nao teve progenitores que lhe dessem um nome).

O acontecimento acima descrito teve um grande impacto na população local uma vez que o condor é um animal extremamente opaco que esbraceja muito, e parecendo que não, incomoda!
Como seria de esperar, cada acção gera uma reacção e neste caso foi uma tragédia em cadeia... o esbracejar constante do condor enervou as velhas, que deixaram de dar leite; Os pasteleiros sem leite perderam o sono e começaram a deambular pelas ruas feitos mortos-vivos apáticos e morenos; A escassez de pastéis deixou os marqueses e os viscondes em pânico, o que levou os seus cabeleireiros à loucura, o que finalmente levou a que se esquecessem de preencher o IRS; Por fim, o departamento de finanças da aldeia ficou totalmente desocupado e, pronto, aí terminou esta bola de neve, porque pouco ou nada mudou.

Mas a natureza é imparável e as coisas voltaram a encontrar o seu ritmo... os pasteleiros começaram a fazer pastéis de sumo gaseificado; as velhas passaram a repousar no departamento de finanças por causa do ar-condicionado; os marqueses começaram a aparar o cabelo na serralharia, e os funcionários públicos começaram a desfiar formulários e recibos para fazer papel em pó, com o intuito de polvilhar o bolo rei (de sumol de ananás) mais tarde nesse ano.

Quim Jorge (ou "Alberto o anão", se preferirem), assistia com entusiasmo a todo este reboliço, sentadinho á sombra de um urinol, mesmo ali na praça principal da vila. Quim Jorge era muito sensível a todas as pequenas coisas que a vida lhe proporcionava e procurava degustar todos os deliciosos momentos, todos os pormenores e pequenos detalhes... neste caso em particular, agradava-lhe a forma como a maioria dos pedestres esbugalhava os olhos ao pisar os gomosos tortulhos do condor, que entretanto ja pesava pra cima de 800 Eskilos.

Para além do simpático novo hobbie de Quim Jorge "A girafa mecânica", a vinda do condor trouxe outros benefícios que não podemos ignorar:
-O volume de receitas provenientes do turismo local duplicou relativamente ao mês seguinte do mês homónimo de há 3 anos atrás, do século anterior, na vila vizinha (sejamos francos, não duplicou exactamente, mas 1.4 arredonda para 1.5, o que dá 2, em números com jeito).
-Nasceu uma certa quantidade de pessoas (também morreram umas quantas, mas já eram velhas e só davam prejuízo).
-Deu à costa do rio uma foca bébé muito fofa... infelizmente ja um pouco podre e inchada.
-Quim jorge descobriu as chaves da arrecadação do coreto debaixo do urinol, bem como uma pastilha elástica praticamente nova.

Moral da coisa:
"Todo aquele que desejar comprar aquilo que ainda não possui, encontrará uma oferta melhor uns tempos depois (ou não)."

Para os mais ortodoxos:
"Queres comprar, mais vale esperar (Se Deus quiser)."

Por Guerra, o Corrécio

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Grande inauguração - 6ªFeira 13

Após palmilharmos um inferno de incertezas, penarmos meses e meses este sofrimento atroz, derramarmos o nosso próprio sangue, e depois de termos vertido mil regatos de lágrimas salgadas, conseguimos por o Blog de pé.



Infelizmente, fritámos a marmita no processo.



E é tudo o que tenho a dizer sobre este assunto... mas não Adrúbél, o castor audacioso.

Asdrúbél vivia lá para os lados da Noruega, onde existia (e existe, segundo as escrituras) uma floresta encantada onde se dizia (e diz, segundo as escrituras) que os animais falavam!

Todas as manhas o nosso amigo castor ia até á vila dos animais comprar abacates ofensivos para exterminar uma praga de remorsos que havia feito ninho na sua cave.

O personagem extremamente marcante e caricata que lhe costumava vender os abacates era uma máquina de venda automática, que jazia de luzes fundidas e vitrina empoeirada encostada á porta de um cavalo.

Naquele dia porém, algo não correra como previsto; Adrúbél comprara os abacates e guardara-os muito bem como sempre, todos enrolados no bolso, e depois dirigiu-se, calmamente á igreja, onde habitualmente limava o calo do joanete, porém desta vez, quando chegou á igreja, olhou para os seus pés e viu um bichinho colorido com pelo muito engraçado e rabito farfalhudo, todo estripado e com a carne dilacerada, a olhar perdidamente para o tecto, embora sem um dos olhos, que repousava um pouco achatado ali a meio metro.

Foi então que entrou no átrio da igreja, pela porta lá ao fundo, esquecida e mal iluminada, uma silhueta de porte invejável, com passo seguro e certo, ar altivo e expressão confiante que se dirigia a Asdrúbél. À medida que este se aproximava e saía da negra penumbra da igreja, o castor podia agora vê-lo, era Girino o Estúpido, a arrastar-se todo torto pelo chão, meio de lado meio de costas, num sacrifício hilariante para se manter vivo fora de água.

E assim termina o conto de Asdrúbél o castor, que em relação ao blog Bestas Iluminadas só tem a dizer que mete-lhe nojo a forma como algumas pessoas cospem de dentro dos carros com o vidro fechado.

Por Guerra, o Corrécio